Páginas

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Prazer Sexual Feminino

Nós mulheres, que iniciamos nossa vida sexual nos anos 80, aprendemos que para sermos modernas tínhamos que ser ativas sexualmente, muito ativas.
Tínhamos que ser verdadeiras acrobatas na hora das relações sexuais. O prazer era secundário (sabíamos que sempre era possível fingirmos) e nunca era diretamente proporcional a quantidade e qualidade das performances adotadas.
Mais tarde, depois muitas sessões de análise, leituras, observações e conversas com amigas e amigos, descobri que nós não somos como os homens quando o assunto é prazer sexual.
O caminho até o orgasmo, por exemplo, é percorrido de maneira diferente - enquanto que para os homens é possível chegar lá mesmo que estejam fazendo ou pensando em outras coisas, para nós mulheres ocorre o oposto - se no momento da relação nós ouvirmos uma frase que não gostarmos, um barulho diferente, dor ou outra coisa que nos tire do foco, nada acontece!
Além de tudo precisamos estar relaxadas porque sob tensão, jamais chegaremos lá.
Nessa mesma época, observei a comprovação de uma teoria pessoal, que tem como resultado final, grande chance de prazer sexual e dependendo do parceiro (claro!), orgasmos: devemos nos focar em nós mesmas, relaxarmos e não fazermos nada, ou quase nada, durante a relação - nada de grandes esforços...
Claro que é necessário haver concordância e sintonia com o parceiro. Se houver paixão, amor, uma super atração física, carinho... melhor ainda.
A maioria dos homens irá adorar o resultado. Serão muitos orgasmos verdadeiros e não àqueles que muitas de nós costumam fingir, sem que nossos parceiros sequer imaginem não serem reais.
A partir desse aprendizado, me surgiu um outro questionamento super preocupante, que é o problema das mulheres rotuladas como frígidas.
Falo rotuladas como frígidas, porque acho que a grande maioria delas não tem e nunca teve esse problema sob o ponto de vista patológico.
Durante uma das minhas sessões de análise, fiz um questionamento ao analista: "quando uma mulher diz que sempre tem orgasmo ela está mentindo, não é?" Ele me respondeu que sim. Demos continuidade ao tema e fiquei sabendo que o resultado de uma pesquisa realizada naquela época (por volta do ano 2000), dizia que grande parte das mulheres geralmente não tem orgasmos ou nunca tiveram.
Tenho certeza que esses dados poderiam mudar se as mulheres mudarem indo em busca do seu próprio prazer, diferente do que ocorreu ao longo de todos os tempos.
Outro fator importantíssimo: o desempenho do parceiro! Parceiro com problema de ereção ou ejaculação precoce, por exemplo... não dá!
Temos que encarar de frente problemas como esse e tantos outros, chega de tanta generosidade. Não devemos abrir mão do nosso prazer em função disso. Hoje em dia existem cada vez mais profissionais habilitados e prontos para auxiliar esses homens que muitas vezes ficam imobilizados e nada fazem para melhorarem.
Voltando ao problema das mulheres estigmatizadas como frígidas (geralmente por esses mesmos homens problemáticos), acho que se elas tivessem oportunidade de se relacionar com outros parceiros, garanto que teríamos que abolir estas palavras - frígida e frigidez, do nosso dia-a-dia. Claro que por consequência, teríamos que abrir maior espaço para outras - impotência, ejaculação precoce, etc.
Chega de fingirmos um prazer que nunca sentimos para que nossos homens continuem se sentindo os donos do mundo.
Sei que esse tema que estou abordando é muito delicado, mas espero estar contribuindo de alguma forma, para que um dia homens e mulheres percebam a importância de abrirmos os olhos para esses questionamentos.
Todos ganharão se evoluirmos nessa direção e teremos como resultado disso, relações mais prazerosas e verdadeiras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário