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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Lua perdida em Porto Alegre


Assunto ainda difícil de abordar, mas acho que chegou a hora: o desaparecimento da minha cachorra que se chama Lua.
Desde o dia 05 de agosto deste ano estamos separadas, nunca mais nos vimos, é triste mas ainda tenho muita esperança de que vou encontrá-la.
Estava "internada" com minha mãe no Instituto de Cardiologia, ela se submeteu a um procedimento no coração. Ficamos no hospital por mais ou menos 24 horas e quando voltamos para casa, percebemos a ausência da Lua.
Ela desapareceu de nossa casa do bairro Glória - Porto Alegre/RS.
Escondi o fato de minha mãe, por quase uma semana - disse que a Lua estava internada numa Clínica Veterinária com um problema numa das patas.
A partir do dia em que percebemos o que havia ocorrido, eu, minha família e a pessoa que trabalha na minha casa, iniciamos uma busca desenfreada, rodando mais de 2000 km, numa verdadeira caçada por todos os lugares possíveis e até nos mais improváveis - chegamos a ir, num sábado à noite, até Alvorada para tentar contatar com o pessoal de uma clínica veterinária onde estava uma cadela muito parecida com Lua que havia sido atropelada e estava em estado grave - claro que não conseguimos, chegamos no local por volta da meia-noite e chovia muito.
Fomos novamente na segunda-feira e constatamos que não era nossa cachorrinha e saí de lá chorando desesperadamente por não ter encontrado a Lua, e por ter presenciado o sofrimento daquele pobre animal.
Uma coisa que percebemos pouco tempo depois do sumiço é que nossa cadela era não só uma vira-lata, amarela, de porte médio, mas também um tipo bem comum entre os animais sem raça definida.
Num segundo momento iniciamos uma panfleteação e colocação de cartazes em postes, estabelecimentos comerciais, pontos de ônibus, onde quer que fosse possível divulgar o desaparecimento. 
Com relação à confecção do material de divulgação, tínhamos uma dúvida - colocar ou não uma recompensa? Acabamos decidindo pela colocação e divulgação da recompensa: 1000 reais.
Houve até uma ligação telefônica de uma vidente, que me ofereceu seus serviços.
Como não estava em condições de recusar qualquer possibilidade de ajuda, acabei indo fazer a consulta.
O local, as pistas fornecidas e a vidente eram muito estranhos e por algum momento fiquei com muito medo do que poderia acontecer, porque afinal, estava sozinha.
Tentei em vão procurar a partir das informações que haviam sido fornecidas.
Outro momento tenso foi quando tivemos meu carro roubado por um rapaz com revólver - minha mãe que ainda estava se recuperando, teve a arma apontada em sua direção para logo após isso, ver o bandido apontando a arma para mim e ameaçando atirar, caso não fizéssemos o que ele queria - pediu para que ficássemos de costas e não fizéssemos nenhum movimento, caso contrário, ele atiraria.
Uma outra coisa que fizemos foi colocar anúncios em jornais, divulgação por uma rádio e até num programa local de TV.
Como tudo na vida, houve também um momento engraçado: um grupo de pessoas na zona sul da cidade viu uma cadela muito parecida com a Lua e disseram, inclusive, que se não fosse ela, seria a irmã sua gêmea.
Fizemos uma verdadeira vigília no local e quando vimos de longe pela primeira vez a cachorrinha, ficamos loucos, desesperados, porque parecia mesmo que era a Lua.
Então, num final de tarde conseguimos capturá-la e a trouxemos para casa.
Quando chegamos, já era quase noite e como o que ela só queria era dormir, a deixamos quietinha num canto seguro.
Nesse primeiro momento ela não comeu e não bebeu água.
Então, no dia seguinte, percebemos o que talvez já sabíamos: não era a Lua.
No momento que tive certeza de que não era a Lua, também tive certeza de que não queria que ela voltasse para as ruas.
Quando a levamos para uma consulta com a veterinária também tivemos confirmada a idade - mais ou menos 7 anos, idade da minha cadela.
Hoje, ela tem nome - Sol. E tem também uma família que a ama.
Houve também os casos de trotes, informações equivocadas, pessoas maldosas e também as pessoas indiferentes, mas a grande maioria tentou e ainda tenta nos ajudar de forma amorosa e comprometida.
Foram dezenas de pistas em diversas regiões da cidade, todas conferidas, sem sucesso.
Até hoje continuamos seguindo pistas que na maioria chegam a partir do Facebook ou de alguma ligação telefônica.
Ainda acredito que vamos encontrá-la.