Na minha infância, nos reuníamos em torno de um adulto, para ouvirmos histórias de terror, geralmente contadas por um familiar ou amigo que adorava nos assustar e ser o centro das atenções até que o desfecho do caso acontecesse.
Outra forma de nos divertimos com terror era quando resolvíamos brincar com um Tabuleiro Ouija confeccionado por nós mesmos, que na época chamávamos 'o jogo do copo' - as coisas aconteciam do mesmo jeito, sempre: íamos por um quarto vazio que existia na minha casa (tinha sido da minha avó que, na época, já havia morrido), acendíamos uma vela, sentávamos em círculo, espalhávamos o alfabeto no chão e colocávamos nossos dedos indicadores no copo...
O que vinha a seguir se repetia sempre: no primeiro movimento que o copo fizesse - todos corriam desesperados para todos lados e se a janela estivesse aberta, essa também seria uma das formas usadas para fugir correndo.
Não sei como não cansávamos dessa rotina que se repetia sempre, nunca conseguimos levar adiante nosso plano, acabava sempre ali - penso que continuávamos com a brincadeira porque ficávamos presos ao prazer que toda aquela adrenalina no momento da fuga nos causava.
Na escola, logo que começaram os trabalhos em grupo e tínhamos que fazer na casa de alguém, escolhíamos sempre o mesmo local, a casa de uma das colegas que era enorme e tinha nos fundos uns quartos que ninguém usava.
Mal começávamos nosso trabalho da escola, alguém propunha que passássemos para o que realmente havia nos levado ali - 'o jogo do copo'.
Nessa época já conseguíamos avançar um pouco com relação ao jogo e chegávamos a fazer perguntas ao 'espírito', mas era o pavor da dúvida que nos dava muito prazer: será que aquele movimento do copo tinha sido causado pelo espírito evocado ou havia sido uma das colegas que armou a situação???
Nunca saberei....
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