Agora, faltam apenas uns 3 meses para eu acabar meu
curso de Inglês.
Minha maior dificuldade ainda é entender o que as
pessoas falam - já ouvi professores comentarem que esta etapa é realmente a
mais difícil.
Geralmente consigo me expressar na sala de aula,
com alguma dificuldade e muitas vezes pedindo ajuda com relação a palavras que
não lembro ou que não conheço o que não impede a comunicação e expressão do que
eu quero dizer.
Tenho apenas 1 dia de aula por semana
com horários seguidos, 4 horas de aula sem interrupção - das 9 até às 13h.
No período que a aula é mais informal, acabo chamando
atenção por algum motivo, muitas vezes sem querer: um dia eu cheguei na aula
com 2 óculos pendurados na minha camiseta e a professora perguntou o porquê
disso, tive que explicar; outro dia teve uma brincadeira e eu tive que me
'candidatar ao Big Brother Brasil' - disse nessa ‘entrevista’ que tinha 95
anos, tinha feito 30 cirurgias plásticas e que namorava um artista famoso
- claro que 'ganhei dos meus colegas na seleção final'!
Sem falar quando abordo os temas de forma
polêmica, como no dia que o assunto era Prostituição – eu disse que respeito os
Profissionais do Sexo, mas não concordo com as pessoas que mantém
relacionamentos onde existe prostituição de forma velada e normalmente aceita
pela sociedade - geralmente relacionamentos baseados apenas em interesse social
e econômico.
Em geral, essas relações são entre pessoas jovens
e idosas e na ocasião até citei o
caso de uma Senhora bela, recatada e do lar...
Às vezes tudo isso é até engraçado, mas muitas
vezes me obriga a falar mais e eu continuo tendo um pouco de vergonha nesses
momentos.
Então, ontem resolvi fazer diferente quando a
professora perguntou se havia alguém esquisito em nossas famílias...
Minha vontade era de dizer que sim! Eu!
Como sempre, faria todo mundo rir e teria que dar
muitas explicações, mas como eu já estava muito cansada, era minha última meia hora de aula e estava morrendo de fome, fiquei calada.
Meus colegas que também deviam estar tão cansados
quanto eu, não falavam muito.
Até que nos últimos 5 minutos uma colega
acabou falando algo muito pessoal, importante e até pediu,
que mantivéssemos em segredo.
Depois dela, outra colega também fez uma
revelação bem importante e por final um outro colega também falou algo que nos
deixou muito perplexos!
Eu fiquei só ouvindo e pensando: nossa aula se
transformou numa terapia de grupo!
Se nós tivéssemos mais tempo de aula, com certeza
teria sido muito produtivo aquele momento - além de funcionar como uma
espécie de terapia informal, nós ainda treinaríamos nosso inglês...
Saí de lá com a certeza de que as pessoas
estão muito carentes e com muita necessidade de serem ouvidas e querendo muitas
vezes ouvir o que os outros pensam a respeito dos seus problemas mais sérios, talvez
até em busca de soluções para assuntos que elas não estão conseguindo
resolver sozinhas.
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